sábado, 27 de setembro de 2003

Flesh! - O que Napoleão escondia no peito

Apontando: Lúcio Bastos

A razão mais citada, e óbvia, para a mão enfiada no colete é a de que Napoleão sofria com terríveis dores estomacais.

Na verdade, nosso olhar primário para vultos históricos, principalmente líderes militares, usa as lentes das expectativas, ou preconceitos. Exagerando, o que se conhece ou espera, o moldar a realidade ao que se quer ver (ou ao que sequer vê: 3 de espadas), culmina em absurdos como, na França, em determinado momento, editar-se uma
lei proibindo de se dar o nome Napoleão a porcos¹.

Eventualmente, no entanto, aparecem publicações, sobre tais figuras, com outro enfoque, e surge, por exemplo, uma
Carlota Joaquina delicada, que chamava D. João VI de “meu amor”.

E é explorando uma faceta menos (?) heróica do imperador que podemos oferecer uma explicação alternativa ao senso-comum-úlcera-gástrica, apesar de mais... adocicada. Um outro olhar.

Carta à cidadã Josephine Bonaparte

14, Germinal, ano IV (3 de abril de 1796)

[...]

Minha querida e única, Josephine, separado de você não há alegria; longe de você o mundo é um deserto onde estou só e não posso abrir meu coração.

Você tomou mais do que minha alma; você é o foco da minha vida.

Quando estou cansado da chateação do trabalho, quando sinto os efeitos, quando os homens me perturbam, quando estou pronto para amaldiçoar estar vivo, eu ponho a mão em meu coração, onde está pendurado seu retrato, olho para ele, e o amor me traz perfeita felicidade, e tudo são sorrisos, exceto o tempo que devo passar longe da minha amante.

[...]

Napoleão Bonaparte

(tradução de LB)

Cartas e Documentos de Napoleão – Universidade de Oxford

__
1ª Imagem – Retrato de Napoleão (editada) – Fonte: Universidade de Stirling
Imagem – Ilustração e Carta de Napoleão (Leilão da Christie’s) – Fonte: Telegraph
¹ Vale lembrar George Orwell

Nenhum comentário: