Apontando: Lúcio Bastos

Na verdade, nosso olhar primário para vultos históricos, principalmente líderes militares, usa as lentes das expectativas, ou preconceitos. Exagerando, o que se conhece ou espera, o moldar a realidade ao que se quer ver (ou ao que sequer vê: 3 de espadas), culmina em absurdos como, na França, em determinado momento, editar-se uma lei proibindo de se dar o nome Napoleão a porcos¹.
Eventualmente, no entanto, aparecem publicações, sobre tais figuras, com outro enfoque, e surge, por exemplo, uma Carlota Joaquina delicada, que chamava D. João VI de “meu amor”.

Carta à cidadã Josephine Bonaparte
14, Germinal, ano IV (3 de abril de 1796)
[...]
Minha querida e única, Josephine, separado de você não há alegria; longe de você o mundo é um deserto onde estou só e não posso abrir meu coração.
Você tomou mais do que minha alma; você é o foco da minha vida.
Quando estou cansado da chateação do trabalho, quando sinto os efeitos, quando os homens me perturbam, quando estou pronto para amaldiçoar estar vivo, eu ponho a mão em meu coração, onde está pendurado seu retrato, olho para ele, e o amor me traz perfeita felicidade, e tudo são sorrisos, exceto o tempo que devo passar longe da minha amante.
[...]
Napoleão Bonaparte
(tradução de LB)
Cartas e Documentos de Napoleão – Universidade de Oxford
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1ª Imagem – Retrato de Napoleão (editada) – Fonte: Universidade de Stirling
2ª Imagem – Ilustração e Carta de Napoleão (Leilão da Christie’s) – Fonte: Telegraph
¹ Vale lembrar George Orwell
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